sábado, 3 de setembro de 2011

Especialistas propõem faxina do lixo espacial



Uma comissão de especialistas do governo americano divulgou nesta quinta-feira um vasto relatório sobre a questão do lixo espacial e pediu às autoridades que comecem a pensar seriamente na possibilidade de uma faxina espacial. De acordo com o documento, há 22 mil objetos grandes o suficiente em órbita para serem avistados da Terra, além de centenas de milhares de outros menores, mas igualmente capazes de derrubar uma espaçonave tripulada ou um satélite de milhões de dólares. Nos últimos quatro anos, um único teste militar chinês colocou em órbita nada menos que 150 mil novos fragmentos.
O alerta veio pouco mais de um mês depois de a corporação aeroespacial russa Energia anunciar que pretende construir uma nave que pode carregar os primeiros "garis espaciais". O principal objetivo da missão russa é a manutenção de satélites, mas a nave poderia ser usada também para recolher detritos ou empurrá-los rumo à atmosfera, onde queimariam sem apresentar riscos.
Outras tecnologias, segundo o relatório americano divulgado ontem, poderiam ser desenvolvidas para a solução do problema, como gigantescos aspiradores de pó ou ímãs cósmicos, capazes de recolher - ao menos em parte - os restos de naves, foguetes e satélites que transformam as cercanias do planeta em uma região cada vez mais perigosa. Vale lembrar que uma colisão com um objeto do tamanho de um parafuso, de 10 gramas, é capaz de derrubar uma nave ou satélites responsáveis pelas comunicações internacionais.
- Perdemos o controle do ambiente - admite o cientista aposentado da Nasa Donald Kessler, que comandou a elaboração do relatório.
Desde o início da era espacial, há 54 anos, a civilização encheu a área logo acima da atmosfera com partes de espaçonaves que soltam-se durante lançamentos, assim como velhos satélites.
Quando os cientistas notaram que isso poderia se tornar um problema, criaram acordos para limitar o novo lixo espacial. Estes tratados têm como objetivo garantir que tudo o que for mandado para órbita cairá novamente na Terra e depois será queimado.
Teste chinês desafia esforços de redução do lixo
Mas dois eventos nos últimos quatro anos - o teste de uma arma anti-satélite chinesa, em 2007, e a colisão em órbita de dois satélites, em 2009 - pôs tantos novos entulhos no espaço que, a partir daí, tudo mudou.
O teste chinês, extremamente criticado, usou um míssil para destruir um antigo satélite meteorológico que se rompeu em 150 mil pedaços de cerca de 1 centímetro. Desses, 3.118 podem ser rastreados da Terra.
- Esses dois eventos dobraram a quantidade de fragmentos na órbita do planeta e aniquilaram tudo o que foi feito nos 25 anos anteriores - lamenta Kessler.
O estudo menciona apenas brevemente algumas maneiras de limpar o espaço, mencionando obstáculos técnicos, legais e diplomáticos. Mas refere-se a um relatório divulgado mais cedo, este ano, pelo Departamento de Defesa, que descreve diversas técnicas insólitas. Entre elas, arpões, redes, cordas, ímãs e até mesmo um dispositivo em forma de guarda-chuva, que varreria pequenos pedaços de detritos.
Kessler gosta da ideia apresentada por uma companhia, de construir um satélite armado com redes que rodeariam o lixo. Ligada à rede ficaria um dispositivo eletromagnético, que poderia puxar o entulho para baixo, onde ele queimaria inofensivamente, ou impulsioná-lo para uma órbita onde não representasse um risco à segurança.
Os cientistas da Nasa afirmam que estão examinando o estudo. O relatório é da Academia Nacional de Ciências dos EUA, que faz análises para o Congresso sobre assuntos científicos.

Fonte: http://www.agenciaoglobo.com.br/


Leia também: NASA estuda a utilização de lasers para diminuir lixo espacial
http://mecanicadouniverso.blogspot.com/2011/03/nasa-estuda-utilizacao-de-lasers-para.html
Matéria do dia 15 de março de 2011  

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