quinta-feira, 7 de julho de 2011

Último voo da Atlantis. A NASA pode entrar em declínio sem os vaivéns

A falta de novas missões e a redução de pessoal está a levar a um êxodo de cérebros do programa espacial americano


A NASA lança hoje o seu último vaivém espacial - encerrando um período de 30 anos durante os quais vastas equipas de cientistas e engenheiros criativos colocaram em órbita naves espaciais com asas - ao mesmo tempo que enfrenta aquilo que poderá ser um grande desafio: uma debandada de cérebros que ameaça minar não só a segurança como os planos futuros da agência espacial.

Os especialistas do espaço dizem que é frequente ver os melhores e mais brilhantes a sair assim que as linhas de produção de foguetões ficam marcadas para extinção, o que desmoraliza e cria ameaças invisíveis. Chamam-lhe efeito "Equipa-B".

"Os bons começam a ver o fim a aproximar-se e vão-se embora", explica Albert D. Wheelon, antigo executivo aeroespacial e funcionário da CIA. "Ficam os de segunda linha."

A NASA reconhece o efeito e os perigos inerentes, tendo tomado várias medidas, incluindo bónus de retenção para os funcionários mais dotados, novas regalias como benefícios de viagens e mais exercícios de segurança. Com os cortes e as demissões verificados nos últimos anos, a força de trabalho directamente relacionada com o vaivém desceu de 17 mil para 7 mil pessoas.

"A redução do número de efectivos foi bem gerida e alcançou um nível de risco aceitável", comentou Joseph W. Dyer, vice-almirante reformado da Marinha e presidente do Aerospace Safety Advisory Panel (Painel Consultivo da Segurança Aeroespacial) da National Aeronautics and Space Administration (NASA). Depois de um início lento, "a NASA e os seus parceiros da indústria fizeram um trabalho excelente" no que diz respeito ao planeamento da reforma do vaivém, referiu. Embora reconheça que "há um risco acrescido sempre que se reduz o número de efectivos."

Ninguém prevê problemas para o voo do Atlantis, o 135.o e último lançamento no âmbito do programa dos vaivéns espaciais, que hoje tem lugar no Kennedy Space Center, na Florida, perante, estima-se, um milhão de espectadores.

Depois disso, não se antecipam grandes momentos de glória. A NASA viu-se obrigada a cancelar as grandes missões, aquelas que captam a atenção do público e atraem os grandes talentos, e no interior da agência as frustrações já começaram a surgir à superfície. Não só o programa de vaivéns foi abandonado como também o da Constellation, que iria levar os americanos de novo à Lua. Os astronautas têm vindo a abandonar a agência a um ritmo constante.


Fonte: http://www.ionline.pt

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