Seis segmentos das lentes primárias do telescópio, antes de serem submetidos a testes criogénicos (David Higginbotham/NASA) |
Este telescópio foi concebido na década de 1990 e é o mais importante projecto de astronomia da NASA. Inicialmente, devia ser lançado em 2014 — mas tem sofrido enormes atrasos e derrapagens orçamentais. Uma auditoria externa feita no ano passado concluíu que o James Webb, que devia custar 5100 milhões de dólares, iria custar entre 6200 e 6800 milhões, e que nunca poderia ir para o espaço antes de 2018. E mais: para ser terminado, a NASA teria de fazer reforços orçamentais no valor de 200 milhões de dólares anuais.
O cancelamento, diz o site de notícias da revista "Science" (Science Insider), não era visto como uma possibilidade real, visto que a agência espacial já investiu 3000 milhões de dólares no telescópio.
O observatório deveria ser colocado num ponto neutro de gravidade, em órbita à volta do Sol, a 1,5 milhões de quilómetros de distância da Terra. Ainda na semana passada a NASA anunciou que estava terminada a fase de polimento de todos os segmentos das lentes do telescópio, que tem 6,5 metros de diâmetro. Mas ainda não foram anunciados calendários para fazer testes, nem para o lançamento do telescópio (que seria feito com foguetões, num processo automatizado, e não com astronautas).
Mas as duras negociações entre republicanos e democratas sobre o orçamento e os cortes tornaram de repente concebível que o telescópio fosse cancelado, no âmbito dos cortes defendidos pelos congressistas no orçamento para a NASA proposto pelo Presidente Barack Obama, que se aproxima dos 2000 milhões de dólares. A proposta dos congressistas é de um orçamento total para a agência de 16,8 mil milhões de dólares.
A comunidade científica ficou horrorizada: cancelar o telescópio espacial James Webb “teria um profundo impacto na astrofísica que se prolongaria no futuro e ameaçaria a liderança dos EUA nas ciências do espaço”, disse ao jornal "The New York Times" Matt Mountain, director do Instituto de Ciência do Telescópio Espacial, que se dedica ao estudo das imagens do Hubble e passaria a gerir o novo telescópio. “Seria um desastre sem qualificação para a cosmologia”, comentou Tod Lauer, astrónomo no Observatório Óptico Nacional em Tucson ao mesmo jornal. “Após duas décadas a puxar o Hubble até aos seus limites, e a revolucionar a astronomia, o próximo passo seria fazer as malas e ir embora.”
Para que o telescópio espacial James Webb seja definitivamente arrancado dos céus — com ele os cientistas esperam de facto ver até ao princípio do Universo e do tempo, e com imagens a cores —, esta proposta ainda terá de ultrapassar vários obstáculos. Tem de ser aprovada por toda a subcomissão, pelo Congresso e pelo Senado e, finalmente, o Presidente Barack Obama tem de aceitar colocar-lhe a sua assinatura. Mas alguns democratas no painel votaram contra o telescópio — o que não é um bom augúrio para o seu futuro neste tempo de cortes.
Fonte: http://www.publico.pt
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