Há quase cinco séculos, Nicolau Copérnico iniciou uma revolução ao defender um modelo do Universo que não possuía a Terra como centro. A Revolução Copernicana se estende até hoje, ao descobrirmos que longe de estarmos no centro de tudo, o cosmos se estende e se expande em um espaço-tempo por bilhões e bilhões de anos-luz, como diria Carl Sagan. Mesmo nossa galáxia já possui em torno de 100 bilhões de estrelas, e é apenas uma entre centenas de bilhões de galáxias.
Havia, e há entretanto, uma pedra no sapato da Revolução Copernicana: estamos, ou parecemos estar, sós. Não apenas isso, enquanto a astronomia estendia as escalas do Universo a dimensões quase incomensuráveis, descobrindo estrelas, nebulosas e mesmo galáxias sem fim, todos os planetas que conhecíamos eram planetas de nosso próprio sistema solar. Por décadas cientistas especularam seriamente se sistemas planetários não seriam raridades, formadas por uma conjunção absurdamente improvável de colisões ou condições, e uma estrela como o nosso Sol, rodeada por pequenos planetas rochosos e alguns gigantes gasosos, seria única, singular.
Há menos de vinte anos, a situação finalmente começou a mudar. Foram desenvolvidos novos telescópios, ferramentas e técnicas astronômicas que permitiram por fim observar evidência de planetas distantes, orbitando outras estrelas. E praticamente tão logo tais instrumentos foram colocados em ação, planetas extra-solares foram descobertos. E como foram. Em menos de vinte anos descobriram-se em torno de 500 planetas extra-solares. Se há trinta ou quarenta anos um astrônomo poderia teorizar se sistemas planetários seriam um raridade no Universo, hoje está claro que exatamente o oposto é a realidade: quase todas as estrelas que observamos no céu possuem planetas à sua volta. A Terra não é o centro do Universo, nem o sistema solar de que fazemos parte é único.
A Revolução Copernicana ainda não está completa. Conhecemos hoje muito mais planetas orbitando outras estrelas do que nosso próprio Sol, mas quase todos esses exoplanetas são gigantes muito diferentes da Terra. E, novamente conservadores, alguns astrônomos especulam se os sistemas planetários comuns pela galáxia não seriam diferentes do nosso, com uma grande escassez de pequenos planetas rochosos em zonas habitáveis como a Terra. Novamente, contudo, limitações em nossas observações podem responder pela pequena quantidade de planetas de dimensões comparáveis à da Terra descobertos até agora.
A Terra não é o centro do Universo, e em meio da centenas de bilhões de estrelas, há centenas de bilhões de planetas, possivelmente com centenas de milhões de “Terras”. Quantos deles não serão mesmo outras Terras, abrigando vida, quem sabe mesmo civilizações com seus próprios Copérnicos, completando definitivamente a Revolução Copernicana, e estendendo o que de mais precioso conhecemos a dimensões interestelares?
No ano em que Copérnico foi sepultado, podemos ainda não ter feito contato, mas pelos caminhos inesperados da ciência – em um laboratório, sob o microscópio – ou naqueles bem esperados – através de um satélite dedicado a identificar exoplanetas – poderemos encontrar o conhecimento essencial para descobrir se afinal estamos ou não sós.
Seria mesmo a Terra um milagre biológico? Saberemos ao certo, quando comprovarmos que estamos ou não sós.
Fonte: ceticismoaberto.com
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