domingo, 6 de março de 2011

Nasa cogita explorar Titã, lua de Saturno

Titã é o maior satélite natural de Saturno e o segundo maior de todo o sistema solar, depois de Ganímedes, tendo quase 1 vez e meia o tamanho da Lua. É maior que um planeta do Sistema Solar: Mercúrio; caso orbitasse o Sol seria um planeta por direito próprio.



 Barack Obama anunciou a inclusão da Nasa no seu plano de corte de gastos. As prioridades da agência nas próximas décadas ainda não foram definidas, mas devem refletir a nova situação. Missões não-tripuladas, como a dos robôs marcianos, podem ganhar destaque: além de um custo menor, oferecem maior segurança de resultados.

O brasileiro Alberto Elfes, de 57 anos, trabalha desde 2001 no Jet Propulsion Lab (JPL, na sigla em inglês), justamente a unidade responsável pelas missões não-tripuladas da agência espacial americana. Há cerca de 5,5 mil funcionários no JPL. Apenas cem possuem o cargo de "principal researcher" - algo equivalente a pesquisador sênior ou professor titular, no Brasil -, o mais alto na hierarquia de pesquisa. Elfes, um filho de alemães que nasceu em Maceió, pertence a este seleto grupo.
No ano passado, veio ao Brasil para um seminário sobre mineração do futuro organizado pelo Instituto Tecnológico Vale (ITV), entidade que coordena as ações de ciência e tecnologia da Vale. 
Quais são seus principais projetos no JPL da Nasa?
Trabalho na área de sistemas robóticos autônomos. Meus principais projetos são um dirigível autônomo - para missões aéreas em Vênus, Titã (um satélite de Saturno), os gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno) e até mesmo Marte -, barcos robóticos - úteis para estudos oceanográficos e fluviais na Terra - e, por fim, veículos robóticos para ambientes extremamente difíceis de serem explorados como as florestas tropicais, por exemplo.
A tendência agora é só mandar robôs ao espaço?
É uma discussão complicada. Há dois partidos na Nasa: o pessoal das missões tripuladas - com sede no Johnson Space Center, em Houston (Texas), responsável pelos ônibus espaciais e pela Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) - e o pessoal das missões não-tripuladas - com sede no JPL, em Pasadena (Califórnia). Se você conversar com a turma das missões não-tripuladas, ouvirá que missão tripulada é uma bobagem: você coloca vidas em risco, é absurdamente caro e não traz o resultado científico de uma missão não-tripulada. Obviamente, o pessoal das missões tripuladas vai responder: 'Temos de ir para outros lugares porque esse é o destino humano: procurar novos horizontes, vencer novas fronteiras.' Sou da área de missões não-tripuladas e concordo com o argumento do risco humano e do custo, mas reconheço que o outro lado tem alguma razão. Poderíamos ficar em casa e ver fotos de Paris ou da Amazônia. Mas ninguém fica satisfeito com isso. Queremos ver ao vivo, colocar os pés lá. De qualquer forma, mandar um ser humano para Marte e trazê-lo de volta é um desafio tecnológico brutal e ainda não temos o conhecimento necessário para fazer isso. Uma proposta de missão tripulada para Marte previa três anos de viagem - um para ir, outro para permanecer lá e outro para voltar - e um custo da ordem de US$ 30 bilhões (cerca de R$ 50 bilhões). Muito otimismo. Pode colocar mais um zero no custo. Basta pensar, por exemplo, no problema da radiação cósmica. A atmosfera de Marte é rarefeita e o campo magnético do planeta não é contínuo. Como consequência, há vastas regiões onde a incidência de radiação cósmica é muito forte. Como proteger os astronautas? Blindando as naves, os módulos que vão desembarcar no planeta e até os trajes espaciais? Tudo fica pesado demais e aumentam as dificuldades da missão. Na verdade, já conhecemos uma solução para esse problema: há regiões onde o campo magnético marciano é extremamente forte e outras onde ele praticamente não existe. Poderíamos levar os astronautas para regiões onde o campo magnético é forte, diminuindo o efeito da radiação cósmica. Mas ainda há inúmeras questões semelhantes a esta sem resposta.
E qual é o estado atual da missão para Titã?
No começo de 2009, foi apresentada uma proposta de missão para Titã chamada Titan Saturn System Mission (TSSM). A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) também participaria, uma forma de diminuir custos e incentivar a cooperação. Há a expectativa de que a missão para Titã seja aprovada para lançamento em 2018. Neste exato momento, a Nasa realiza seu 'decadal survey', uma pesquisa decenal em diferentes áreas, entre elas, o espaço profundo. Estão decidindo, por exemplo, quais os alvos para os próximos 10, 20 ou 30 anos e quais as principais perguntas científicas a serem respondidas. Os resultados devem sair neste semestre. Estamos torcendo para que a missão de Titã seja considerada de alta prioridade, para ser lançada em um futuro próximo.
Fale um pouco sobre a TSSM.
Eles propuseram um objeto que permaneceria na órbita de Titã - um orbitador - e realizaria o mapeamento do satélite no infra-vermelho e com radares. Também haveria um veículo aéreo - provavelmente um Montgolfière (balão de ar quente) - e um pequeno barco que desceria de pára-quedas em um dos lagos de satélite de Saturno. Os dois permaneceriam ativos por um tempo limitado, realizariam análises físico-químicas de Titã e enviaram os dados antes de acabar a energia.
Por que a energia é um limitante tão importante?
As missões que ultrapassam Marte não podem mais contar com a energia solar. As sondas Galileu (que explorou Júpiter), Cassini (que investiga Saturno) e as Voyagers (que já estão deixando o Sistema Solar) usaram um Radioisotophe Thermal Generator (RTG): uma pílula muito pequena de material radioativo, normalmente plutônio. O decaimento da substância produz calor que é transformado em energia elétrica. Na missão para Titã, o orbitador e o veículo aéreo possuiriam RTGs.
Barco Robótico

Fonte: estadão.com.br

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